OBS: As imagens foram criadas com Inteligência Artificial para ilustrar o texto.
No teatro de operações de um conflito armado, a recuperação de um oficial ferido sob fogo direto é uma das manobras mais arriscadas que a infantaria pode executar. Em 14 de dezembro de 1944, a Força Expedicionária Brasileira testemunhou um desses momentos que definem o caráter de uma tropa. O cenário tático era adverso e envolvia a 1ª Companhia, cujo comandante, o Capitão João Tarcísio Bueno, encontrava-se gravemente ferido em uma posição extremamente vulnerável.
A situação no terreno era crítica. A área onde o oficial havia caído estava sob controle visual e de fogo do inimigo. Em termos militares, diz-se que o local estava “batido”, o que significa que qualquer movimento seria imediatamente recebido com disparos letais. Diversas patrulhas foram organizadas e lançadas com o objetivo específico de realizar a extração do Capitão Bueno. Todas essas tentativas iniciais falharam diante da saturação de fogo adversário, obrigando as equipes de resgate a recuar sem conseguir alcançar o comandante.
Foi neste contexto de impossibilidade tática que surgiu a figura do Soldado Sérgio Pereira, identificado pelo registro 4G – 96936 e natural do Estado de Minas Gerais. Sérgio atuava como ordenança do Capitão Bueno há pouquíssimos dias. O tempo curto de convivência, entretanto, não diminuiu o senso de dever. Pelo contrário, a ação que se seguiu demonstrou um vínculo profissional e humano inquebrantável.
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| Imagem site Jornalismo em guerra |
Na madrugada seguinte ao combate, quando a visibilidade reduzida oferecia uma leve vantagem tática, o soldado tomou uma decisão solitária. Sem aguardar a formação de uma nova patrulha ou apoio de fogo, Sérgio partiu sozinho para a terra de ninguém. O movimento exigiu silêncio absoluto e disciplina de camuflagem para não alertar as posições inimigas que vigiavam o setor.
O soldado mineiro avançou pelo terreno hostil até localizar seu comandante. O processo de retorno exigiu um esforço físico extenuante, pois ele precisou carregar o Capitão Bueno de volta às linhas amigas, garantindo que o oficial ferido pudesse finalmente receber a assistência médica necessária. A extração foi realizada com sucesso, superando as barreiras onde grupos inteiros haviam falhado anteriormente.
A análise deste evento transcende a simples bravura individual. O que se observa na conduta do Soldado Sérgio Pereira é a cristalização da lealdade entre o subordinado e seu superior hierárquico. O resgate não foi apenas um ato de coragem, mas uma demonstração da qualidade primacial exigida em uma tropa de elite: a dedicação ao chefe e o cumprimento da missão, independentemente do risco pessoal envolvido.
Este episódio foi devidamente reconhecido e apontado à F.E.B. como um exemplo magnífico. A atitude de Sérgio Pereira permanece como um estudo de caso sobre a eficácia do moral elevado e do espírito de corpo, provando que a determinação de um único homem pode alterar o desfecho de uma situação tática desesperadora e salvar a vida de seu comandante.
Fonte: O Cruzeiro do Sul

